Cecília Meireles (1901-1964) es una de las poetas más importantes del siglo XX en Brasil. Se la ha comparado con Gabriela Mistral por su interés en la educación, su afición por los viajes y su distancia respecto a los experimentos formales de las vanguardias, a los que ambas prefieren formas tradicionales tratadas con un estilo profundamente propio. Frente a la poesía de Mistral -más dramática, estatuaria y grave- los versos de Meireles se perciben como fluidos y sensoriales, y atienden con finura a matices cambiantes de la experiencia. Los tres poemas traducidos aquí provienen de su libro Viagem (Viaje), de 1939.
Canção
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar; – depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar. Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre de meus dedos colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio… Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça, e meu navio chegue ao fundo e meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas.
|
Canción Puse un sueño en un navío, y el navío sobre el mar; abrí el mar con mis dos manos y lo hice naufragar.
Tengo las manos mojadas El viento vino de lejos, Lloraré lo necesario Luego ya, todo perfecto: |
Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve… – mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes desmancha todos os mares e une as terras mais distantes…
– palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos, apago meus pensamentos, ponho vestidos noturnos,
– que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando nos ares certos do tempo até não se sabe quando… – e um dia me acabarei.
|
Timidez Me basta un pequeño gesto hecho de lejos, muy leve, para que vengas conmigo, para que siempre te lleve.Sólo ese, yo no lo haré.
Una palabra caída Palabra que no diré. Para que tú me adivines Que amargamente inventé. Y mientras no me descubres Y un día me acabaré. |
|
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força,
tao paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: – Em que espelho ficou perdida a minha face?
|
Retrato No tenía este rostro que tengo tan calmo, tan triste, tan magro, ni estos ojos tan vacíos, ni el labio amargo.
No tenía estas manos sin fuerza, Y no entiendo esta mudanza, |
Juan Antonio
7 julio, 2010 @ 19:34
Os três poemas sâo muto belos, mais o sintimento a sensivilidades
é simplemente notable
Humildemente Felicitaciones por estos tres grandes poemas.
De Chile:
Juan Antonio
Parabéns
Bram Plaza
20 diciembre, 2012 @ 5:36
Hola, tu hiciste la traducción?